segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Adenda ao Inventário III

Uma garrafa de água pequena, enchida antes da partida, agora já meia bebida.
Uma segunda pedra da Calcedónia, onde, para minha tristeza, não fui capaz, desta vez, de saltar sozinha sobre a fenda. Por isso, a pedra ficou lá.
Nódoas negras feitas na fenda.
Dores no corpo todo, da guerra e da apanha da bolota.
'Bilhete de volta'.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Adenda ao Inventário II



Dois postais de Vilarinho antes da barragem, dados por quem ensina a saudade do que não vivi.



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

De volta

Dorida da guerra, insatisfeita nas botas (foi tão pouco...), com o coração a doer da distância presente e futura. Mas sempre que vou, é como se lá estivesse estado no dia anterior. É de facto a minha terra, a minha gente. Nada me falta, tudo se partilha, tudo é livre. Não há cobrança. Por isso dói vir embora.

Por isso vou regressar dentro de cinco dias. Esta foi uma viagem de ida, a de vir para baixo. Segue-se a de volta.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Surpresa

Amanhã vou voltar.

Vou calçar as botas e fazer-me ao caminho. Vou ver os meus montes amados. Guerrear. Acordar com vista para a Calcedónia. Levantar do chão a esperança de uma serra Amarela verde.

Amanhã vou voltar. Vou ser eu.

domingo, 2 de outubro de 2011

Pinhal Novo - 2 de Outubro




Fui apanhar bolotas. Consegui convencer a minha mãe e a minha tia a virem comigo. Rumei a Sul, passei a ponte e saí da autoestrada. No Pinhal Novo, vi uma zona com sobreiros e sem vedação. Apanhámos bolotas durante duas horas e meia, numa tarde bastante quente. Dois sacos cheios de esperança, para a Serra Amarela.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Gritaria

Há uma certa gritaria no silêncio. (No meu e não só...)

De não se dizer, diz-se, de través. Nas adversativas, nas reticências, na informação que falta... Diz-se o quê? Diz-se! Há sentido. Só isso: é sentido, há um sentimento sentido. Qual? Não sei, há um.

No cimo dos montes pode-se gritar com o corpo, com os pés e as mãos. Já não é preciso fazer força a cerrar a boca, porque o corpo está ocupado no grito da sua expansão. E aí há verdadeiro silêncio e verdadeira gritaria. A verdade está à vista, não vale a pena esconder ou ter vergonha. Manter a compostura. Fazer segredo.

Chama-se alegria. (Que idiota, a esconder a alegria!!! Foi o que ficou na fotografia, esse esconder, mas lá estava o pé suspenso a revelá-la...)

É a alegria que causa as nódoas negras. O riso que vem do fundo da alma... desequilibra.

(Sei que hoje não faço sentido nenhum. Sorriu-me de mim mesma, mas não deixo de levar tudo muito a sério. Meço cada palavra lida e dita, procuro destilar-lhe o significado. Só uma adolescente lê e ouve assim. Hoje sou jovem, tenho esperança.)

Preciso de refazer as nódoas negras. Hei de voltar a desequilibrar-me. Em breve.