domingo, 25 de setembro de 2011

Desastre natural

Hoje a barragem rebentou, as lágrimas escorrem a quatro pela cara abaixo. Morro de saudade, aqui engaiolada.  Rejeito tudo isto, por mais que me esforce. Apetece-me pegar no carro e ir para Norte, só parar chegando a Vilarinho. O trabalho, a casa, tudo... Não estou a conseguir voltar, por mais que me esforce. Tenho o coração, a alma, o espírito nos montes, e o corpo aqui, a penar sozinho.
No mapa, dá para dobrar a distância, fazê-la pequena. Mas na realidade é grande e não dá tempo... Mais do que o espaço, é o tempo que limita. Perco o meu tempo, a minha vida, por causa da distância... Estou engaiolada pelo tempo. Não posso continuar a viver assim. Com o desequilíbrio todo por dentro, sem se transformar em benfazejos passos de subida. Porque o desequilíbrio por fora é tranquilidade por dentro.
Tenho que lutar pelo que quero. Estender a mão e agarrar o que quero. Decidir. Arriscar. Viver. Calçar as botas e andar para a frente.
Mas hoje ainda não. Hoje vou deixar a dor doer-me muito, como um aguilhão, para que o cavalo preso rompa as cordas. Para que o terremoto aconteça e destrua todas as barreiras. Porque eu sou uma força da natureza represada, à espera da catástrofe inevitável.

1 comentário:

  1. Já percebi: faz hoje um mês que vim para baixo da primeira vez. Nessa altura, afoguei as lágrimas como pedras numa albufeira de sorrisos e vim com o carro, a despedaçar-me por aí a baixo em mil papéis.

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